quinta-feira, 29 de novembro de 2007

[LFV] Salsinha 2

Nota: LFV é Luis Fernando Verissimo. escritor.

Putz, faz tempo que a _Lua não vem aqui postar, tenho uma explicação logica para não ter pagado a conta de telefone, mas isso não vem ao caso no momento. Uma coisa que o Boss [KitFisto] me perguntou recentemente, o que pode ser duvida dos leitores também...

Que diabos esta escrito depois de _Lua, minha resposta é que são letrinhas japonesas que tão "mandando você a merda", ou "vai caçar o que fazer moleque"... To brincando, é meu nome de verdade mesmo, pensaram que meu nome é Lua? ¬¬" bom, meu nome não vem ao caso TAMBÉM!
[resposta feita ao som de Paramore ~ revoltada]

Falando em Paramore, o Joker ;* tem que postar.

Indo para o assunto, só queria mostrar uma obra do livro de Luis Fernando, chamado A Mesa Voadora, peguei essa noite na internet pra mim ler [putz, é bem mais facil de ir na livraria comprar], mas recomendo que comprem, porque é engraçado. Vou colocar pra gostinho de vocês um dos contos dele, Salsinha 2:

Perfurei um veio de ressentimentos quando me pronunciei contra a salsinha. Muito mais gente do que se imaginava é contra a salsinha, e só não tinha se manifestado antes pela falta de um pioneiro que desse o primeiro grito.

Não sei se por acaso ou determinismo histórico — quem sabe como nascem os líderes? — me vejo à frente de uma rebelião cuja hora, aparentemente, chegou.
Não reivindicamos o fim da salsinha. O movimento é novo e ainda não se fragmentou em alas, mas não me alinharei com nenhuma racção radical que pregue a erradicação da salsinha. Sou pelo gradualismo. A. salsinha é uma tradição milenar, e todos sabemos como as velhas ordens custam a morrer. E há quem goste, por alguma razão.

O que queremos, já, é o direito de escolher. Nosso lema é: não está escrito em lugar algum que um prato só pode ir para a mesa depois de espalharem salsinha por cima de tudo! O lema talvez precise ser melhorado, mas a ideia é esta. Contra a ditadura do supérfluo verde!

O sentimento anti-salsinha é forte. Uma leitora escreveu para dizer que aprendeu o nome de salsinha em várias línguas — espanhol (perejil), francês (persil), alemão (petersilé), inglês (parsley), tcheco (peterggh t russo (petruchka, claro) — só para poder recusá-la em todas. Outros leitores querem aderir ao movimento mas pedem para saber se "salsinha" é só salsa picada ou um nome genérico para tudo que num prato é puro adorno, como o enfeite no palito do club sanduíche. No meu conceito amplo, "salsinha" inclui até o cravo no doce de coco, que só está ali para a gente morder sem querer.

Os defensores da salsinha dizem que ela existe para bonito, o que só confirma nossa posição: o enfeite não serve para nada e rouba espaço da comida. Mas na cozinha mais preocupada com estética do mundo, a japonesa, é raro se ver salsinha. Você encontra pássaros diáfanos feitos de nabo ou pagodes de gengibre na beira dos pratos, é verdade, mas aí não é mais salsinha. Aí é filosofia.

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