sábado, 3 de julho de 2010

O Drama das Gravadoras



A indústria fonográfica está em queda livre. A pirataria é apontada pelas gravadoras como a principal causa de sua contínua queda de vendas (7% em 2009), exigindo do governo uma repressão mais expressiva a este comércio ilegal. A pirataria é de fato um fator significativo na queda de vendas de CDs e DVDs originais, mas está longe de ser o único, ou mesmo o maior. Os downloads ilegais reinam desde o início da década passada, ganhando potência de acordo com a chegada de novos usuários, novos meios de compartilhamento de arquivos (torrent), novos codecs (.mp3, .aac) e meios de compressão (.rar).

As gravadoras já tentaram contornar o problema na web com a criação de lojas de downloads pagos, como a iTunes Store, de longe a mais bem-sucedida tentativa. A loja hospedada pela Apple acumulou um total surpreendente de 10 bilhões de músicas vendidas até 2010, a preços que variam de US$ 0,79 a US$ 1,29. Por outro lado, o número de downloads não pagos é grande demais para ser medido, mas a estimativa é de 10 para cada música baixada legalmente.

A extrema facilidade de se compartilhar arquivos por meio da rede permite que a violação de direitos autorais seja o crime mais fácil de ser cometido, muitas vezes sem o infrator saber até onde vão as consequências legais. Mas mesmo até as leis mais rígidas, como a norte-americana, não são levadas a sério nem pelos infratores, nem pelas autoridades. Está cada vez mais difícil fundamentar a defesa do preço atrelado à música e filme, o que pode explicar a relutância de tantos países atualizarem suas leis sobre o assunto ou colocá-lo na lista de prioridades da polícia. As gravadoras se encontram diante do desafio de se reinventarem, e se não o fizerem, a queda continuará até que as toalhas comecem a ser jogadas, pois a única coisa que nos impede de baixar é a nossa própria consciência.