segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Não só o Pão, mas também a Poesia

Os leitores desse blog já devem ter percebido que eu venho postando aqui recentemente. O KitFisto não mencionou isso, mas eu sou o mais novo integrante da equipe do MNP. Meus posts, se lhes interessa saber e perceber, são do tipo mais sério, comprometido com o meu e o teu mundo. Eu acho que esse ambiente pode ganhar com isso. E estarei postando regularmente nesse espaço de agora em diante. Claro que ainda vamos ter humor e descontração por aqui, como não deixaria de ser, mas na minha parte isso não vai ficar no primeiro plano.

Então vamos ao que interessa: a poesia. Começaremos com o grande revolucionário poeta, o inimigo número um da ditadura, Carlos Marighela. Podem ter matado o seu corpo, mas sua memória vive sempre no coração dos homens. E o seu exemplo: viver livre, lutar pela liberdade e o amor do homem pelo outro, sempre.


RONDÓ DA LIBERDADE,



É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.

Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem querbradas.

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

O homem deve ser livre...
O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir até quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais livre
em todas as gamas do humano sentimento.

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.


Carlos Marighela
São Paulo, Presídio Especial, 1939

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